Cientistas russos atingem o fundo do lago Vostok, no subsolo antártico
Isolado da superfície, lago de água doce deve conter formas de vida ainda desconhecidas
Príncipe Albert, de Mônaco (3ºE) posa para fotos com cientistas perto do centro de pesquisas russo Vostok
"Ontem (domingo), nossos cientistas terminaram os trabalhos de perfuração e atingiram a superfície do lago, a 3.768 metros de profundidade", sob a calota polar do Pólo Sul, declarou a fonte, sem dar maiores detalhes.
Contatado pela AFP, um porta-voz do Instituto russo de Pesquisas Científicas para o Ártico e a Antártida informou que só o governo russo poderia confirmar esta informação.
O fim dos trabalhos iniciados há mais de 20 anos permitirão fazer "um estudo científico fundamental" sobre as mudanças climáticas, acrescentou o porta-voz do Instituto, Serguei Lesenkov.
Isolado da superfície há centenas de milhares de anos, este lago de água doce com 250 km de extensão e 50 km de largura (12.500 km2) poderia conter formas de vida até agora desconhecidas.
"Os trabalhos de perfuração começaram em 1989 com o objetivo de fazer investigações sobre paleoclimatologia", explicou Lesenkov. Foi somente depois que "se descobriu que havia um lago logo abaixo do local onde se realizavam as buscas", acrescentou.
Mas no começo dos anos 90, "os trabalhos foram suspensos pela falta de financiamento, (pois) a situação econômica era complicada após a queda da URSS", em 1991, continuou Lesenkov.
As operações foram retomadas em 1996 e foram interrompidas em 1998, depois dos apelos da comunidade internacional, inquieta por uma possível catástrofe ecológica devido ao uso de tecnologia pouco adaptada a estes trabalhos delicados.
"Finalmente, os especialistas do Instituto de Minas de São Petersburgo desenvolveram novas tecnologias de perfuração e os trabalhos foram retomados em 2006", acrescentou Lesenkov.
No ano passado, o ministro russo de Recursos Naturais e Ecologia, Yuri Trutnev, havia declarado que em 2012 "um acontecimento de alcance mundial nos espera".
"Ninguém chegou a tal profundidade na Terra", afirmou.
O estudo da camada de gelo e da água do lago permitirá aos especialistas estabelecer um cenário de mudanças climáticas naturais para os próximos milênios.
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